segunda-feira, 19 de março de 2012

Viagem à Lua (Le Voyage dans la Lune) - 1902


     Sério, eu acho que nunca dei tanto valor à internet como estou dando nesse momento. Graças a ela eu consegui ver um curta de 110 anos atrás. Não sei se vocês fazem ideia do quanto isso é louco. 
      Esse curta com cerca de 14 minutos, mostra um grupo de estudiosos que resolvem ir a Lua. Constroem um foguete, que mais se parece com uma bala de revólver, que é lançado em direção a Lua, que é um tanto quanto antropomórfica com olhos, boca e tudo mais. Lá os 6 passageiros se deparam com uma realidade diferente e com seres que os apisionam e os levam para o seu reino. Depois eles conseguem escapar e voltam para a Terra.


    Essa produção é considerada como a mãe do que depois viria a se desenvolver como a ficção cinetífica. Ela impressiona pela qualidade, para a época dos efeitos especiais e suas inovações. Mèliès, que é o produtor/diretor/ator do filme, foi ator de teatro e mágico, e sempre teve vontade de trazer a magia e mistério de uma de suas profissões para dentro das telas, e foi assim que ele começou a ter suas ideias cinematográficas.
 

     O curta é inovador desde o momento que ele faz efeitos de fade in e out entre as cenas, as bombas de fumaça,  o cenário, e principalmente em sua colorização que foi feita a mão e quadro por quadro.
Sem palavras!

P.S.: E pra quem tiver aquela preguiça de pesquisar como eram feitos os efeitos pode assistir A Invenção de Hugo Cabret, que conta um pouco da história de Mèliès e como ele fazia seus filmes, não chega a ser um documentário, mas é uma breve referência!

domingo, 11 de março de 2012

John Carter: Entre Dois Mundos (John Carter) - 2012


    Após um pequeno mal entendido, e uma grande falha, eu resolvi dar uma melhorada no post. Fui lembrado por um amigo que o filme é baseado em uma obra de Edgar Rice Burroughs, mesmo autor de Tarzan, e uma das grandes marcas dele, é que normalmente seus livros eram quase ensaios sobre sociologia, porém escritos de maneira lúdica.    
     John Carter é um veterano de guerra, que vivia a procura de cavernas de ouro. Certo dia ao entrar em uma, mata um homem que estava dentro dela e pega um medalhão que estava em sua mão, e inexplicávelmente é transportado para Marte, ou como é chamado no filme de Basroom. Lá ele se depara com a dificuldade de adaptação com a gravidade que é diferente da Terra, e sem querer cai na mão de uma tribo que acredita que ele possa salvar o planeta deles de uma guerra civil, e destruição de todo seu povo.
     Estava super ansioso pra ver esse filme. Primeiro porque sabia que ia ser uma superprodução e segundo porque é o primeiro filme da Pixar gravado em live action. E pensando que o diretor é o Andrew Stanton, que eu tanto gosto, e foi diretor de Procurando Nemo e Wall-e, imaginei que ele não faria uma obra ruim, logo em sua estréia nesse estilo de filme.


      Fui ao cinema imaginando uma coisa e voltei achando outra. Na verdade, não vi nada de muito especial no filme, e por vezes o achei repetitivo e com uma narração um pouco lenta. Fora que pra mim foi quase um mashup não sei se esse termo é aplicado ao cinema. Personagens e criaturas que parecem ter vindo do filme Avatar, porém fui atentado por um amigo que James Cameron já admitiu que Pandora foi toda baseado na obra de Edgar, mas para quem não conhece esse fato, assim como eu, é surpreendido com essa semelhança. Desertos que parecem do Star Wars, e uma cena que visualmente ficou muito parecida com cenas do filme Gladiador, e a "arena" faz claras referências ao Coliseu. E as semelhanças não param por aí, fora os personagens, a semelhança com Avatar também está no enredo, do protagonista conseguir viver em um "mundo paralelo" e também de querer salvar o mundo dos outros e não o dele vai entender né!. Pra variar ele se apaixona por uma biscate muito gata mulher em Marte, e juntos conseguem salvar tudo. Uhuuuuuul só que não. A similaridade entra no mesmo contexto das criaturas e personagens, quem copiou tudo foi James Cameron.

Proporção de altura entre o humano e os N'avi verdes e com quatro braços
      Mas agora vamos falar das coisas boas. Fotografia muito bonita das cenas em Marte. Efeitos visuais que foram muito bem feitos. Um personagem muito carismático, um cachorro/monstro. Trilha sonora que por vezes me lembrou Star Wars e tal, mas mesmo assim conseguiu me impressionar pela sensação de grandiosidade. E agora o melhor, o final foi realmente bem bacana e bem pensado, nada muito complexo, porém fiquei surpreso com a criatividade.

Personagem mais carismático
     Meu amigo, que já leu o livro, disse que a história foi um pouco modificada pra variar o que ao meu ver pode ter tirado um pouco do encanto da história, pelo menos pra mim. Mas esse fato fez com que eu me interessasse mais ainda pela obra de Edgar, já que já li Tarzan e achei ótimo.   
    O filme me desapontou bastante, mas acho que vale a pena assistir mais pelos efeitos e músicas. Acho que o pior foi a adaptação do roteiro.

P.S.: Nem compensa assistir em 3D.
P.S.2: Valeu Diogo Lins por ter puxado minha orelha em não ter atentado que o filme era uma adaptação.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O Artista (The Artist) - 2011


     Depois de várias tentativas, eu assisti O Artista, ganhador de 5 estatuetas do Oscar não que isso signifique alguma coisa, incluindo o de melhor filme, o que achei muito justo e vou tentar explicar o porque.
       George é um renomado artista de filmes mudos que tem que lidar com o surgimento dos filmes falados. Enquanto isso uma de suas fãs, Peppy Miller,  entra no mundo do cinema como dançarina e logo consegue crescer como atriz de grandes filmes. Os dois meio que se apaixonam, mas George é casado, apesar de levar um péssimo casamento. Ele é "despedido" da produtora onde trabalhava por se negar a atuar em filmes falados e dessa maneira tenta fazer uma produção independente, e muda, que vira um fiasco e o individa. Ele chega a beira da loucura e morre. Pegadinha do malandro Vou deixar de ser spoiler...


       Em plena Era 3D, megaproduções com super efeitos especiais, eu me deparo com um filme em preto e branco e mudo. E o que eu achei disso? Excelente, o que prova que para fazer grandes clássicos é preciso de um bom roteiro e bons artistas. Porque o que acontece hoje em dia é que o enredo de um filme é tão ruim que é mascarado pelos efeitos visuais. Nesse filme não existiu essa possibilidade.
       Quanto ao roteiro e enredo, são  de uma simplicidade extrema, mas com cenas muito bem feitas, com umas sacadas e trocadilhos geniais e com ótimas cenas de comédia, com um humor ingênuo e leve.
       Quanto a trilha sonora, existem vários detalhes. Quando um filme é mudo e tem uma trilha sonora toda feita para ele, é de extrema importância que a música "fale" pelos atores, e isso é um dos grandes pontos do filme, a trilha é totalmente adaptada para as cenas. Porém, assim como minha amiga Verônica já havia me dito, a trilha sonora não é nada original, partindo do princípio que é um estilo que acontece desde os anos 20, e nesse ponto acho que não mereceu o Oscar por melhor trilha original. Uma coisa bacana de notar é quando são mostradas as cenas dentro de um cinema, que em alguns casos, lá na frente, pertinho da tela, está localizada uma orquestra que toca a trilha do filme. Podia ser assim até hoje! 
      A sensação de assistir um filme como esse no cinema é simplesmente inexplicável, me senti nos anos 20. Atentando para um detalhe que fez com que a obra realmente se assemelhasse com uma antiga, que é  o formato da tela não ser widescreen (16:9) e sim uma tela "tradicional", quadrada (1:1). Por ser preto e branco, os contrastes de luz e sombra são mais dramáticos e foram muito bem usados no filme.
      Falando sobre os atores, a primeira coisa que me vem a cabeça é o tanto que o filme é bem atuado. Imagino o quanto deve ter sido difícil se expressar sem poder falar, aliás, falar mas não ser ouvido. E isso me deixa um pouco na dúvida de o quanto os super atores conhecidos são bons, queria vê-los em filmes mudos. Jean Dujardin, George, mereceu o prêmio de melhor ator, ele foi fantástico e por vezes, realmente não sentia falta alguma que ele falasse. E sim, deveria ter um prêmio especial pro cachorrinho que atuou melhor que muitos atores que eu conheço. A atuação de Bérénice Bejo com Peppy também é muito boa, com todas as caras e bocas que ela faz durante o filme.

Bérénice Bejo como Peppy
Jean Dujardin como George e o cachorro
        Assim como falei na minha review sobre o filme Hugo, eu adoro filmes que tem como temática o próprio cinema, e esse em especial é muito parecido com um dos meus musicais preferidos, Cantando na Chuva. Eles tratam justamente da mudança do filme mudo para o falado. E por conta desse tema, por vezes o filme tem uma vibe meio Inception, você assistindo um filme, e na tela é mostrado um cinema onde um filme mudo é exibido e por aí vai. Juro que não uso drogas 
       Agora o que mais me chamou a atenção é a universalidade da produção, pois Jean é francês, Bérénice é argentina, mas pelo filme ser mudo, eles quebram a barreira da lógica linguística, ou seja qualquer bom ator de qualquer nacionalidade poderia estrelá-lo.
    São muitas coisas pra falar sobre o filme, impossível em um post curto. Devo ter esquecido de mil coisas. Mas enfim, só dou um conselho, assistam e please se possível o faça no cinema, porque tenho certeza que a sensação é totalmente diferente a não ser que você tenha uma televisão de tubo e tela quadrada em casa.. É isso aí!

P.S.: Quem conseguir descobrir em que cenas do filme eu tive referências com Peter Pan e Tintin ganha um prêmio!


quarta-feira, 7 de março de 2012

James e o Pêssego Gigante (James and the Giant Peach) - 1996

     Hoje, depois de ver que um clássico de um dos meus diretores preferidos vai ser relançado, bateu uma saudadezinha da época em que o Tim Burton fazia filmes que realmente valiam a pena serem assistidos e que enchiam os olhos com toda sua inovação e irreverência. não que ele tenha parado de fazer grandes produções mas Planeta dos Macacos e Alice foram um fiasco pra uma pessoa que nem ele. Enfim...
     James vivia uma vida feliz e sem preocupações com os pais, até que um dia eles morrem e o menino fica órfão e vai morar com as tias malvadas. Um de seus sonhos era sair da Europa e ir conhecer NY porque o pai havia dito que lá era onde os sonhos se tornavam realidade. Pausa para referência. O filme foi produzido pela Disney e "Where dreams come true" viria a se tornar um dos maiores slogans da produtora por muito tempo, e perdura até hoje. Continuando... Um dia encontra um velho que entrega a ele um saco com bichinhos verdes e saltitantes que dizia serem mágicos. Eles tinham o poder de transformar as coisas. O menino deixa cair os bichinhos que fazem que um pêssego gigante creça na árvore que fica nos terrenos de sua casa. Ele em uma noite entra dentro do pêssego, conhece insetos gigantes e saem juntos em busca de aventuras.
     Uma das coisas mais notáveis do filme com certeza é a dulidade live-action e animação em stopmotion que acontece no filme. Essa diferença faz com que a barreira da realidade seja quebrada e destacada. Enquanto o filme é realista é em live-action e quando se torna fantasioso acontece em animação. Porém no final do filme essas duas técnicas são usadas juntas, unindo a fantasia com a realidade.

Live-action
Stopmotion
     Assim como todos os vilões criados por Tim, as tias de James são extramamente caricatas. Mulheres pobres que querem ser ricas e tentar aparentar uma condição que não tem. Isso é explicitado com o excesso de maquiagem e adereços das roupas.

Tias de James
     Apesar de adorar o Tim, acho que ele teve um pequeno problema ou não quando criou um de seus filmes mais famosos, O Estranho Mundo de Jack. Seu estilo ficou tão marcante quando se trata de esqueletos e fantasmas, que em um momento em James e o Pêssego Gigante, eu juro que vi personagens que poderiam estar em outros tantos filmes do diretor. Isso se repete nesses dois filmes, no curta Vincent (primeira animação dele em 1982), posteriormente em A Noiva Cadáver e em Frankenweenie (será lançado esse ano, baseado em seu filme de 1984). A grande característica são os olhos grandes, bem arredondados, ou apenas os buracos em uma caveira, cabeças maiores que o corpo e bem arredondadas, e o corpo extremamente magro.
James e o Pêssego Gigante
O Estranho Mundo de Jack
Vincent
A Noiva Cadáver
Frankenweenie
     Outro detalhe bacana é a trilha sonora assinada por Randy Newman, que ficou bem conhecido pela música You've Got a Friend in Me do filme Toy Story. Não chega a ser um musical como em O Estranho Mundo de Jack, mas por vezes a música realiza quase a mesma função, colocar pra fora uma história ou situação cantada.
   Gosto muito do filme por ter um enredo super tranquilo e nada complexo, porém com uma carga de ensinamentos bem bacanas, como por exemplo: O sonho é o começo de tudo; Tentar ver a realidade de uma outra forma: e por aí vai!

domingo, 4 de março de 2012

A Separação (Jodaeiye Nader az Simin) - 2011


    Fui ao cinema assistir O Artista, mas por culpa do CorreioWeb não vi, porque o filme nem tava passando no cinema oi? Mas foi um equívoco bacana porque fazia algum tempo que não assistia um filme que não fosse americano ou em língua inglesa, e me surpreendi com a produção.
      O filme que foi vencedor na categoria de melhor filme estrangeiro do Globo de Ouro, Oscar e Urso de Ouro, conta basicamente a história de como já diz o título, um casal em separação. Calma gente não é só isso. Simin quer se mudar do Irã porém o marido Nader não quer, porque seu pai está sofrendo de Alzheimer, então ela pede o divórcio. Mas o drama todo está mais focado na culpa que a separação tem em um acidente que acontece com a mulher que cuidava do pai de Nader, e ela perde o bebê. É interessante como esse fato pode envolver toda a família em uma teia de mentiras e chantagens.
     Por ser um filme iraniano, já me chamou a atenção porque já havia assistido um, que não lembro o nome agora, e tinha gostado muito. E esse também me agradou muito. Confesso que por horas o achei um pouco sonolento e devagar, mas o enredo e o roteiro são realmente incríveis, com uma complexidade razoável e um lado de ter grandes reviravoltas e vários núcleos que se unem em uma única história.
     Outro ponto é que o filme é muito bem atuado. Apesar de não conhecer os atores, percebi que são muito bons  e que realmente pareciam viver a vida dos personagens.

Simin e Nader
       Existe apenas uma única música no filme inteiro (nos créditos finais) isso fez com que a realidade fosse retratada de maneira mais real esquisito isso porque se você for pensar na sua vida, são poucos momentos que você está discutindo, e toca uma top música dramática e tal. E olha que eu sou quase um fanático por trilhas sonoras, mas nesse filme o não uso de música deu um resultado muito bom!
       Acho genial a capacidade dos iranianos escreverem dramas tão bons, sinto falta disso no cinema brasileiro.