sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Meia-noite em Paris (Midnight in Paris) - 2011


         Desde Vicky Cristina Barcelona que eu espero um bom filme do Woody Allen, e aqui está ele, Meia-noite em Paris.
          Gil, interpretado por Owen Wilson, é um escritor norte-americano que idolatra a cidade de Paris, e mais especificamente essa cidade no século 20. Certa dia ao badalar da meia noite um carro antigo aparece na rua e oferece carona a ele, porém ele viaja para os anos 20 e lá conhece muitos de seus ídolos, interage com eles, e nesse mundo paralelo até se apaixona por uma mulher. Quem quiser resenhas procure em outro blog.
          A história em si não é nada genial se ela fosse analisada sozinha. O que me deixou interessado no filme foram inúmeros outros detalhes. 
          Começando pelos créditos iniciais em que ao som de uma clássica música francesa, a câmera mostra ao espectador por qual motivo o protagonista é apaixonado por Paris. A cidade é sim maravilhosa, e não há como negar que hoje vejo detalhes que não via antes. A arquitetura deixou de ser plano de fundo para se tornar objeto de grande interesse para mim em qualquer filme. A fotografia é belíssima, mostrando as feirinhas de antiguidades espalhadas pelos becos de Paris, seus belíssimos prédios antigos, duas aparições da Catedral de Notre Dame (mesmo que só a parte dos fundos dela), e claro o Rio Sena que corta a cidade e dá um charme a mais à ela.

Gil e o Rio Sena

       Os diálogos bem construídos, que sempre foram uma marca do diretor, estão mais bem elaborados do que nunca. Em cada conversa com Picasso, Hemingway, Gertrude Stein, a personalidade de cada um, e a relação entre essas celebridades da Arte são mostradas de forma natural e fluida, em nenhum momento parcendo forçada. É quase como ver o que sempre estudamos nas aulas de Arte na escola. A parte que fica mais evidente, e a que eu mais gostei, sou até suspeito em falar, foi quando Gil encontra Salvador Dali. Quando vi aquele homem com aquele bigodinho, sabia que no mínimo uma conversa muito louca estava por vir. Não fui decepcionado, Dali sempre com sua loucura e maneira própria de ver a realidade fica muito bem explicitada no filme. E nesse momento o filme tem até um tom de comédia, porque o protagonista argumenta sobre sua dificuldade de entender como estar no presente e no passado ao mesmo, e nesse grupo dos surrealistas, um simplesmente responde: "Eu compreendo."

Salvador Dalí
        Mas agora o que mais me chamou a atenção foi um diálogo que Gil tem com uma das amantes de Pablo Picasso, Adriana. Eles simplesmente discutem um assunto muito interessante e que por muitas vezes me pego pensando nisso. É o simples fato de saber qual foi a melhor época, ou a época de ouro. Para Gil, que vive nos anos tempos atuais, os anos 20 é a Época de Ouro. E para Adriana que viveu nos anos 20, a Belle Époque, final do século 19, é a Época de Ouro, assim como para aqueles que viveram nesta época, o Renascimento foi o auge, e assim por diante. 

Adriana e Gil
        Não me considero apto a falar muito mais do que isso porque tenho certeza que não consegui captar metade das referências citadas no filme, pois afinal nem sou tão culto assim para reconhecer tantos escritores, pintores e poetas daquela época. Mas considero o filme, de uma notável sensibilidade em perceber o quanto a "nossa" época pode ter a ver com as outras, e o quanto é interessante estudar sobre autores e artistas de outros tempos e tentar entendar qual era a visão de mundo deles.


Um comentário:

  1. desde vicky christina barcelona nenhum foi tão legal quanto meia noite em paris, mas eu gostei muito de whatever works... bem despretensioso e divertido.

    mas meia noite em paris é completamente encantador! o filme inteiro é uma comédia super fresca e o owen wilson está woody allen de uma maneira caricata, mas super divertida!
    acho (ouso dizer) que melhor do que se o próprio allen o tivesse feito.

    acho dificil falar sobre esse filme em poucas palavras hehehehe depois conversamos mais? (:

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